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Desde que assisti ao filme Capote e descobri a possibilidade do jornalismo literário o jornalismo tradicional perdeu muito de seu sentido para mim. O momento em que o jornalismo beija a ficção se dá com Truman Capoteem seu livro “A Sangue Frio” que estou lendo no momento. Capote acreditava que o jornalismo era apenas uma fotografia literária, mas ele, entretanto, ambicionava algo mais, um gênero só para ele. Disso nasceu seu “romance sem ficção” (ou romance de não-ficção). Para escrevê-lo passou um ano e meio no Kansas fazendo a cobertura do brutal assassinato da família Clutter, colhendo aspectos da história, entrevistando várias pessoas, especialmente, aqueles a quem chamava de “meninos” (Perry e Dick assassinos dos Clutters). Portanto, Capote faz com que o jornalismo, como o conhecemos, transcenda do relato descartável ao texto artístico-literário. Com ele percebemos que a realidade não é tão simples como querem passar as pequenas notas nos jornais e que por trás de um assassinato brutal há pessoas e destinos muito mais amplos e complexos.
Num sarau literário, em que autores discutiam sobre seus livros, o baixinho e frágil Truman Capote vira e diz: “Tudo isso que vocês estão dizendo pode ser muito interessante, mas a verdade é que eu escrevi uma obra-prima, e vocês não”. Apesar da total falta de modestia, Capote estava certo. “A Sangue Frio” que inaugura o que Capote chama de “romance sem ficção” lançado pela Companhia das Letras, na coleção Jornalismo Literário, com tradução de Sérgio Flasksman, é o romance de um relato verdadeiro do homícidio múltiplo da família Clutter por Perry Smith e Dick Hickcock e suas posteriores conseqüências (prisão e execussão por enforcamento).Capote fez este livro-reportagem sem gravador ou bloco de notas (tão prejudiciais ao relato jornalístico e abominados por Capote), para escrevê-lo só utilizou sua prodigiosa memória. Segue abaixo um trecho do genial “A Sangue Frio”:
“Perry passou todo o verão oscilando entre um estupor semi-adormecido e um sono doentio, encharcado de suor. Vozes trove-javam em sua cabeça; uma delas lhe perguntava o tempo todo: "Onde está Jesus? Onde?" E um dia ele acordou gritando: "O pássaro é Jesus! O pássaro é Jesus!". Sua antiga fantasia teatral favorita, aquela em que ele se chamava "Perry O'Parsons, A Sinfónica de Um Homem Só", voltou sob a forma de um sonho recorrente. O centro geográfico do sonho era uma boate de Las Vegas em que, usando uma cartola e um smoking brancos, ele desfilava por um palco iluminado tocando gaita, violão, banjo e bateria, cantava "You are my sunshine" e subia sapateando um curto lance de escadas com os degraus pintados de dourado; no alto, de pé numa plataforma, agradecia ao público. Mas não se ouvia nenhum aplauso, embora milhares de espectadores se apinhassem na vasta e suntuosa plateia — um público estranho, composto quase que exclusivamente de homens, na maioria negros. Olhando para eles, o artista suado finalmente entendia seu silêncio, porque de repente percebia que eram todos assombrações, os fantasmas dos executados, dos enforcados, dos asfixiados pelo gás, dos eletrocutados — e no mesmo instante ele compreendia que estava lá para juntar-se a eles, que os degraus dourados o tinham levado ao cadafalso, que a plataforma em que se encontrava abria-se debaixo de seus pés. Sua cartola caía; urinando, defecando, Perry O’Parsons partia para a eternidade”.
Conheci Capote e o jornalismo literário ao assistir o filme "Capote".Lembro-me que durante o congresso Cidades 2006 e me influenciou tanto que a matéria que eu tive que escrever ao jornal "No Entanto" sobre o congresso era jornalismo literário puro. O filme mostra o processo de apuração e escrita do livro "A Sangue Frio" e outros dados biográficos de Capote. O filme vale a pena ainda pela interpretação genial de Philip Seymour Hoffman, que mereceu o Oscar. Há ainda um filme que adapta o "A Sangue Frio",mas esse eu não vi. Ainda.
Pela primeira vez, ouvir “Panis et circencis” me deu vontade de chorar. Morreu ontem, às 15hs, o maestro tropicalista Rogério Duprat. Curiosamente, hoje me vesti com uma blusa preta com detalhes laranja, como se meu corpo já previsse...